sábado, 15 de novembro de 2008

O Lobo da Estepe

Galere, tenho um pedido a fazer. Sei bem que esse blog não é meu e que, como tal, eu não posso fazer o que bem entender. Por isso, de tudo o que escrevo (o que não têm sido muito ultimamente), escolho o mais raso do mais raso pra postar aqui, como foi a proposta. Mas será que eu posso abrir uma exceção? É na falta de blog pessoal, mesmo. Talvez tenha quem diga, já que 3/6 dos convidados estão aqui, "mas, e o Impropício?". Então. Detesto aquilo lá. O layout foi trabalhoso (não parece, mas foi) e não consegui torná-lo tão simples como eu queria, as cores me desagradam, o formato me desagrada, e nunca vai servir pro tipo de coisa que boto lá. Faz tempo até que só posto pela home do blogger, e nem sequer entro na página. A quem esperava ver alguma coisa legal lá, só posso dizer que sinto muito (e é mentira, pois tenho dó mas nem ligo).

Mas é que de vez em quando sobra aquele post híbrido, que você morre de vontade de escrever, mas não cabe em lugar nenhum. Então, posso fazer um pequeno derramamento de verde-petróleo aqui? Prometo não abusar da hospitalidade.

Pois bem. Eu estou com um problema. Em uma palavra: Puta Que O Pariu, Hermann Hesse!

O Lobo Da Estepe me dá a sensação esmagadora de inferioridade, como se o autor tivesse acabado de esmigalhar todos os ossos da minha mão, retirado todas as idéias do meu cérebro, como o pó de merda que eram, feito uma faxina lá dentro e posto no lugar as dele. Comecei sublinhando o livro, até que desisti por completo; seria preciso rabiscar o livro todo! Caralho!

Talvez eu seja suspeita pra falar, já que é uma das histórias de solitários, e estas sempre encontram um caminho livre no meu coração. Seja o Grenouille d'O Perfume, ou Harry Haller desse livro, ou a Jenny, o amor de Jacques Thibault, talvez não a mais heróica das criaturas, mas eu, tão completamente eu que chega a ser assustador. E não importa se o personagem é bonito, feio, repulsivo, abjeto ou encantador. O solitário sempre vai ter um apelo tão grande pra mim que todo o resto é totalmente secundário, a identificação sempre surge num ponto muito antes do da forma como eles se apresentam em sociedade, é muito mais íntimo e primal. Menininhos andando por aí em loucas aventuras como em Extremamente Alto E Incrivelmente Perto me encantam tanto quanto mulheres que envenenam maridos com arsênico à la Thérèse Desqueiroux. Peer Gynt dando um azar do caralho na Noruega inteira e Julien Sorel sendo um tremendo filho da puta na França me são igualmente inesquecíveis, porque todos seguiam seu caminho seu caminho sem precisar de mais ninguém.

Mas não é como se esses fossem os únicos livros que dou valor. É mais como se, quando eu leio outras histórias, boas histórias de homens gregários, é com o fascínio de quem olha uma animal interessante, mas sabe que jamais poderia se sujeitar a um décimo da vida que ele leva. Talvez eu não seja a pessoa mais imparcial, se é que alguém pode ser imparcial com alguma coisa, pra falar sobre esse livro. Mas eu preciso, sabe? Porque nenhum outro é um Lobo da Estepe. Todos têm seu mérito pessoal, mas nenhum tirou meu sono e me deixou mandando ésseemeesses para pessoas aleatórias que eu achei que, ao menos em um décimo, poderiam sentir o prazer que tenho sentido ao ler esse livro. Infelizmente, não tem ninguém assim tão solitário entre as pessoas que conheço, daí me virei com quem tinha (e não é nem de longe uma crítica, acho que é sorte dessas pessoas não serem assim, sério), então precisava escrever isso em algum lugar, e não só nas minhas anotações febris e atrapalhadas. Não importa se ninguém vai entender ou comentar. Eu só precisava.

Pois a mim, parece que Hermann Hesse passou meus dois braços e minhas duas pernas num moedor de carne, fez uma lobotomia em todos os meus pensamentos como se estes fossem doenças pré-existentes e, ainda assim, a sensação é boa.

Fica aqui o desabafo.


Asterístico: Tenham a gentileza de não fazer trocadilhos infames com lobotomia. Não sejam vulgares. Grata.

7 comentários:

Paula Groff disse...

Fiz pequenas alterações no blog, e finalmente pus o contador, que tinha prometido pra Risa há tréculos. Sugestões e críticas, apenas atirem pedras.

Daniel Bastos disse...

Eu sou vulgar com essas coisas, CEÇAB.

Rafael Formiga disse...

Nunca li, mas gosto muito porque inspiraram uma música muito foda =)

Rafael Formiga disse...

Inspiraram do verbo inspirou.

Paula Groff disse...

Música? Que música? Tô curiosíssima!

Rafael Formiga disse...

Lobo da Estepe, dos Cascavelletes.
Tenho certeza que tu não gostaria da banda, mas essa música tem chances altas de ser gostada.

http://rapidshare.com/files/164963625/Cascavelletes_-_11_-_Lobo_da_Estepe.mp3

Clarissa disse...

O comentário pra isso aqui merece um email.