domingo, 22 de junho de 2008

Pseudo-resenhando.

Tenho notícias. Minha impressora multifuncional pediu divórcio, alegou diferenças irreconciliáveis e não deixa mais meu computador entrar em casa. Ela virou e disse "Preciso aprender a ser só".

Chega de babaquice. O lance é que não consigo escanear o Tezukão até que o técnico venha e entenda porque raios a multifuncional não reconhece mais meu computador como seu cônjuge. Já instalei, reinstalei, dei-lhe uns tapas e nada. Ela é turrona como a dona. Mas li há um tempo atrás algo que acho que vale a menção. A Pequena Fadette, da George Sand.

Esse é um daqueles que você fica feliz por ter uma paciência que beira a raias do inacreditável. Eu acreditei na mulher e fiz o possível pra continuar com o livro apesar dos pesares, mesmo após ela usar esses termos impossíveis do tipo "babaços" e "babaçonaria", que na nossa gramática corrente são de embrulhar o estômago, mesmo depois que ela se engendrou cada vez mais num água com açúcar campestre simplório. Até lá pro meio do livro, ela tava me levando às raias do desespero. Confesso.

Agora chega de falar mal da pobrezinha. Pobrezinha não, pelamãedoguarda, a mulher saiu com o Musset, morou com Chopin, conviveu com Flaubert e o escambau. Ai, lá vou eu com as patadas, que coisa feia. Juro que estava tentando escrever no climinha doce e rural que ela me deixou ambientada, e pelo visto já comecei a escrachar, naah. Bem, continuando.

Valeu a pena passar por todo esse choque cultural, esse lado enjoativo e essa ternura exasperante, deixar meu lado desconfiado de lado e me deixar levar (mesmo que com os dois pés atrás) pelo ambiente que ela cria no livro. Passado o baque inicial, ela sabe fazer todo aquele clima campestre meloso soar tão natural, como se eu tivesse morado na roça a vida inteira. Tá, tudo bem que eu morei minha infância na roça, mas isso não vem ao caso. Ela é capaz de te cativar e te ambientar com uma facilidade enorme, independente de onde você tenha vindo.

É lá pra página 150 que ela faz valer as recomendações de ninguém menos que Marcel Proust. Não deixa de ser um livro de mocinha, meio bobo, meio singelo, mas se você souber entrar no clima terá uma leitura prazerosa. Agora, se você é um animal insensível, que quer ler atualidades, ou que acha tudo isso uma grande bobagem, vá comprar Quem Mexeu No Meu Queijo? ou Pai Rico, Pai Pobre e não encha o saco, que você não tem nada que estar fazendo aqui. No mais, é um livro pra eu extravasar meu lado moçoila. =)

Felicidades.

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