Um belo sábado, às 6 e poucas da manhã, resolvi sair de casa (perfeitamente normal: banho tomado, camisa branca, bermuda e chinelo) para assistir a minha tediosa aula, quando o mendigo meio doidinho cujo habitat é a calçada do meu prédio resolveu falar comigo (leia 3 vezes mais rápido que o habitual):
- E aí, fera? Tudo bom, rapaz? Beleeeeza. E então.
Tudo isso estalando os dedos tipo "ei psit". Só consegui responder um tímido "bom dia" e continuei meu caminho, um pouco mais feliz pelo gesto (aparentemente impensado) dele.
Uns 15 metros depois, um flanelinha vestindo a camisa do Santa Cruz, se virou para trás quando eu estava passando e...
- Bom dia, abençoado.
Respondi um "bom dia" no automático e pensei "O QUE CARALHO ESTÁ ACONTECENDO COMIGO HOJE? SERÁ QUE SÓ PORQUE EU NÃO FAÇO A BARBA HÁ UMA SEMANA O PESSOAL PELAS RUAS ESTÁ ME CONFUNDINDO COM JESUS CRISTO?" e complementei em um tom mais natural de pensamento quase audível "sou eu ou é o mundo? Que danado de aura é essa que eu estou irradiando hoje?".
Hoje em dia, toda vez que o mendigo me vê, me diz as mesmas palavras, só trocando o "bom dia" pelo cumprimento adequado ao período do dia. Eu toda vez tento pegar ele de surpresa pra desejar um bom dia antes, mas nunca consegui.
Ele é broder.
Asterístico: O flanelinha com a camisa do Santa? Nunca tinha visto antes e nunca mais vi mais gordo.
UPDATE: Ontem, ao me ver, o mendigo mudou o discurso trocando o "fera" por "galego". Galego, eu?
sexta-feira, 15 de maio de 2009
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Um comentário:
What is the brother, what is the brother...
(Lembrei)
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